Ele tinha apenas 7 anos. Morávamos numa cidade
interiorana e tudo que fugisse à normalidade chamava a atenção. Um dia após o
almoço, o menino chegou-se a mim e disse:
- Quero uma mãe de vinte e seis anos.
- Meu filho, acho que isto não é possível, pois já
tenho trinta e oito anos e não posso mudar minha idade para vinte e seis. Também
quero acrescentar que você nasceu de mim e assim não pudemos mudar esta
situação. Alguém por acaso acha que eu sou muito velha para ser sua mãe ou você
não se sente a vontade por ser meu filho?
- Não é nada disso, mas eu só sei que quero uma mãe
de vinte e seis anos.
Tenho pensado nisso pela vida afora. O que
significava para aquela criança ter uma mãe de vinte e seis anos? Como superar
um preconceito latente, imbuído de situações outras que prescrevem uma espécie
de rejeição no seio da própria família?
O tempo passou, os anos se passaram. Hoje revejo
aquele menino, já homem feito e penso nos caminhos percorridos e no hálito do
amor que permeia nossas vidas. Agora eu poderia dizer: quero de volta aquele
menino, na inocência da sua infância, para cotejar os dias inseguros do
passado. Mas o presente é que conta. Por isto olhar a vida com um olhar de
esperança é investir nas promessas de uma vida mais alegre, mais afeita aos desígnios
do divino. E agora eu é que digo: quero ser uma mãe de vinte e seis anos para
recuar para a outra margem e viver em sintonia com as marcas identitárias de
uma idade sincronizada na existência dele, para vivermos os mesmos sonhos e as
mesmas esperanças.
Ameeei!
ResponderExcluirTbm amei...
ResponderExcluirBelo texto, encantador e introspectivo! Parabéns minha eterna e iluminada mestra, Dra. Geralda Medeiros. Fraterno abraço
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