Toda
a família foi passar as férias na Fazenda Canto Alegre. Já se passaram muitos
anos, e “até hoje” eu não saberia explicar o que significa “canto alegre”.
Ladeado por serras, aquele espaço era privilegiado. Acordávamos, manhã cedinho,
com a alvorada dos pássaros, o bimbalhar dos chocalhos, sons roufenhos de vozes
e risadas contidas no curral que ficava próximo à casa grande. Os meninos se
aboletavam nas janelas, esperando a primeira refeição do dia.
Enquanto
isso, galinhas com as suas ninhadas, desfilavam na calçada, os pintinhos
esmiuçando fragmentos minúsculos para comer. Era uma festa para os olhos, razão
por que não importava alguns raios que de sol se apagavam dentro de casa, o
esvoaçar dos insetos ao redor das cabeças e um friozinho insistente que
obrigava a fechar o último botão dos pijamas.
De
repente, uma voz sobressai:
-
Minha gente, observe a neve na montanha.
-
Que neve? – Essas manchas brancas que vão surgindo e desaparecendo. Mamãe,
venha depressa e me diga: você gostaria de subir no topo dessa montanha?
Olhei
para a serra, tão perto de nós e ao mesmo tempo tão distante, para os olhos
curiosos das crianças, e respondi incontinênti: Sim, eu gostaria de subir com
todos vocês e, lá em cima, ficaríamos deitados sobre os lajedos para contemplar
o nascer do sol. Todos bateram palmas.
E
“até hoje” ainda me inculca o locativo Canto Alegre. É o canto da natureza que
empolga os moradores ou é o espaço circunscrito em toda a localidade, que faz a
diferença?
Na
minha saudade, que se localiza no tempo e no espaço, aninhada nas minhas
lembranças, eu situo o Canto Alegre no topo de minhas evocações e consigo
sentir o canto das coisas e dos seres que amei, tornando o Canto Alegre o lugar
por excelência de minhas rememorações.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGeralda, também não sei o que significa "Canto Alegre", mas posso dizer que encontrar seu blog foi um "Encontro Alegre".
ResponderExcluirSinto tanta saudade de suas aulas e de nossas conversas após suas orientações.
E seus textos, flanei levemente por entre suas reminiscências. Coisa linda!
Um grande e afetuoso abraço da sua eterna aluna Margareth Félix.
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